O dinheiro é o maior tabu na vida dos brasileiros. Há uma pesquisa que mostra, por exemplo, que 80% dos brasileiros não dão a mínima
para a educação financeira (clique
para ler).
Não que sejamos diferentes de outras
pessoas mundo afora: uma pesquisa recente do banco Wells Fargo, nos EUA,
descobriu que para a maioria dos americanos (44%), o dinheiro é o tema que
propõe a conversa mais difícil na família. Ou seja, um tabu maior que a morte
(38%), a política (35%) e a religião (32%).
Basta reparar nos encontros
familiares, nas conversas de bar e no papo com os amigos: parece que estamos
dispostos a falar de quase tudo, menos de dinheiro. Ou isso ou as discussões
clássicas e brandas sobre ganhar na Mega-Sena e daquele ricaço que “gasta seu dinheiro com bobeiras”.
Veja os cinco sinais de
que o dinheiro é um tabu em sua vida. Entenda que meu objetivo não é “apontar o
dedo” para seus problemas, mas contribuir para que você os reconheça e busque
soluções para tornar-se alguém financeiramente mais educado e livre.
1. Você não mantém o orçamento
doméstico atualizado
O dinheiro cai nas suas mãos, as
contas vão surgindo, um pedido de dinheiro aqui, uma comprinha ali, uma
“promoção” lá e logo a grana sumiu e você não tem a menor ideia do que
realmente aconteceu. Gastou demais? Alguma coisa poderia ter sido economizada
ou adiada? Por que comprou o que comprou?
Não registrar as receitas líquidas da
família e os gastos do período é a porta de entrada para o descontrole
financeiro. Afinal, sem saber quais são os limites financeiros, as dívidas em
curso e como diminuir as despesas é praticamente impossível enxergar o dinheiro
de maneira positiva.
O que fazer? Anotar. Registrar. Controlar o dinheiro que entra e sai de
seu lar. Não precisa complicar, querendo fazer a planilha de controle
financeiro dos sonhos, basta ser disciplinado o suficiente para anotar e
analisar essas informações semanal e mensalmente. Se quer modelos
gratuitos de planilha, clique aqui.
2. Você não possui investimentos
Aquele que não investe costuma se
defender dizendo que “Não
sobra nada no final do mês, então poupar não é uma opção”. Mentira! O fato é que investir não é uma prioridade e,
portanto, gastar passa a ser a única razão para se ter dinheiro. Acontece que
quem não aprende a investir está, no mínimo, ignorando as chances de passar por
um aperto no futuro.
Não quero assustá-lo. Entenda que o
ato de investir não deve ser somente associado ao pão duro, que prefere viver
um padrão de vida simples para acumular dinheiro em diversas aplicações. O foco
deve ser na construção de um padrão de vida sustentável, sempre baseado em suas
metas familiares.
A ideia é preparar-se para eventuais
emergências mantendo uma reserva e também preparar-se financeiramente para
conquistar seus objetivos associados à qualidade de vida, de forma inteligente
e sem pagar caro por isso (nossos juros para pessoa física estão entre os mais
altos do mundo).
O que fazer? Comece um novo hábito ao investir pelo menos 10% do que
você ganha, mas o faça no exato momento em que o seu salário (ou renda) cair na
sua conta. Além disso, guarde outros 10% para formar uma reserva de emergência. Faça do investimento uma “despesa”
e comprometa-se com seu futuro.
3. Você não conversa sobre dinheiro
É bem provável que você fale bastante
sobre os temas que mais gosta e tem contato. Futebol, televisão, livros,
trabalho, sonhos, todos nós gostamos de compartilhar nossa opinião sobre aquilo
que mexe com nosso estilo de vida e afeta nosso modo de tomar decisões.
Então pergunto: o dinheiro não
influencia diretamente diversos aspectos de sua vida? Praticamente tudo que
fazemos envolve um lado financeiro, econômico, muito embora a reflexão e o
diálogo sobre ele não sejam comuns. O dinheiro precisa ser pauta no seu dia a
dia para que passe a despertar uma sensação positiva e agir como uma
ferramenta.
O que fazer? Conversar sobre finanças, ler mais sobre economia e
convidar a família para um bate papo semanal (ou mensal) sobre o orçamento
criará as condições para tirar o tema do baú.
4. Você possui mais dívidas do que
patrimônio
Sempre que discuto patrimônio com
amigos, leitores e familiares, escuto a tão famosa afirmação “Para o brasileiro ter alguma coisa, precisa ser através
de carnê, com financiamento, ou ele nunca terá nada em seu nome”. Você pode imaginar a minha reação diante dessa conversa.
Se o bem em questão está financiado,
isso significa que ele não é seu até que você pague tudo o que deve. Para ser
mais clara: o bem está com você, mas só será seu de verdade quando você quitar o
financiamento.
Ah, e se estivermos falando carros,
móveis e eletrodomésticos, para ficar em poucos exemplos, eles ainda estarão
depreciando e trazendo despesas ao longo do ciclo de vida do carnê. Perde-se
com os juros cobrados, com os custos de manutenção e com a desvalorização do
bem.
O que fazer? Compreender e praticar o conceito de ativos e passivos no
que diz respeito ao seu dinheiro. Ativos são a parte do seu patrimônio que
colocam dinheiro no seu bolso; passivos são o oposto. Para uma família comum,
um carro é um passivo; um imóvel alugado gera renda, logo é um ativo. O
objetivo? Ter mais ativos que passivos.
5. Para você, dinheiro é sinônimo de
problema
Quem não liga para dinheiro com a
importância devida costuma ser uma péssima companhia para conversar sobre
investimentos, endividamento e patrimônio. Não de propósito, mas porque esse
grupo só se lembra de discutir as finanças quando o assunto é razão de
problemas sérios.
Uma dívida que ficou grande demais,
uma cobrança na justiça, ligações de credores, cobranças familiares, é muito
comum que o dinheiro seja associado com situações de estresse e, assim, seja
inconscientemente relacionado a problemas. E falar sobre isso dói, machuca e
não é nada agradável.
O ciclo perigoso se fecha quando a
negligência leva ao descontrole, que leva ao problema grave do endividamento,
que leva a família a problemas conjugais e financeiros – e o dinheiro segue
sendo visto como sinônimo de acontecimentos ruins, desordem e desunião.
O que fazer? O dinheiro precisa ser a solução para os seus problemas, e
não a “raiz de todo o mal”. Para isso, é preciso assimilar, compartilhar e praticar planejamento financeiro.
Conclusões
O dinheiro em si não é um problema.
Nunca foi e nunca será. É nosso comportamento diante de sua abundância, ou
falta, que faz dele algo tão interessante, importante e, ao mesmo tempo,
perigoso.
Ou passamos a nos interessar mais por
discussões saudáveis sobre controle financeiro, investimentos e finanças
pessoais, ou seguiremos escravos das dívidas e dos juros abusivos cobrados em
nosso país por muitos anos.
Quando aprendemos que podemos ter
tudo o que quisermos com disciplina, planejamento financeiro e paciência,
finalmente compreendemos que o
dinheiro é apenas uma ferramenta, uma ponte entre nossa realidade atual e
nossos sonhos. Do contrário, ele vira uma muleta
para satisfazer expectativas dos outros e gerar angústia e ansiedade.
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