É cada vez maior o número de brasileiros que passam a usar os cartões
(crédito, débito ou de loja) como meios de pagamento. A Associação
Brasileira das Empresas de Cartões de Crédito e Serviços (Abecs)
divulgou uma série de dados que mostra que a parcela de brasileiros com algum tipo de cartão já chega a 75% (era de 68% em 2008).
A
posse do cartão de crédito passou de 48% em 2008 para 52% neste ano. O
estudo da Abecs indica, por exemplo, que o número de pessoas que
costumam pagar com cartão de crédito na Internet saltou de 13% em 2010
para 20% em 2012, uma alta expressiva.
Como usar melhor o cartão?
Os usuários da pesquisa foram perguntados sobre as vantagens de cada
tipo de cartão. No caso do cartão de crédito, foco deste texto, os
pesquisados apontaram como pontos fortes a segurança, o parcelamento da
compra sem juros e a praticidade. Os problemas também foram lembrados:
juros do rotativo, a anuidade e a falta de controle nos gastos.
O
dilema do uso consciente do cartão está relacionado às suas
características e ao uso que os brasileiros fazem dele. Você reparou que
entre as vantagens está a possibilidade de parcelar e a praticidade? Ou
seja, é fácil usar e comprar em “muitas vezes”. Mas depois apontamos
que a falta de controle nos gastos é um algo crítico. Algumas sugestões
podem tornar o cartão de crédito mais amigável:
1) Categorize os gastos do cartão de crédito e mantenha-os no orçamento doméstico
A falta de controle nos gastos não é uma desvantagem do cartão de
crédito, mas uma consequência de não registrarmos as despesas de forma
organizada. A frase soa óbvia? Então pense no seu orçamento. É grande a
chance de existir em sua planilha ou caderno uma inchada categoria
chamada “Cartão de Crédito”, sem as devidas anotações sobre onde e por
que os gastos foram feitos.
Combustível?
Alimentação? Roupas? Lazer? Como saber se você está exagerando nas
compras com o cartão de crédito se não há uma separação clara dos gastos
realizados através dele? Percebeu? A solução é simples: você tem que
detalhar os gastos do cartão de crédito, associando-os com as categorias
pré-definidas e que você já usa para dinheiro, cheque e etc. O cartão
de crédito é um meio de pagamento, não o pagamento em si. Faz sentido?
2) Estabeleça um limite de gastos e respeite-o
Outro deslize comum é gastar mais do que o possível e ter que pagar
apenas o mínimo ou simplesmente deixar parte da fatura sem pagar. Isso
acontece porque é fácil comprar com o cartão (foi isso que dissemos na
pesquisa). O fato de não termos que ter o dinheiro na hora da compra é
somado ao terrível uso da contabilidade mental. O resultado é que
optamos por parcelar sempre que possível – e vamos somando as parcelas
na nossa cabeça, sempre nos esquecendo de algo (propositalmente ou não),
justificando as contas e/ou inventando uma solução.
A realidade,
no entanto, é outra: estouramos o orçamento. A solução é manter o
orçamento atualizado, tendo sempre em mãos o limite possível de gastos
para os dias que ainda restam até o fechamento da fatura. Vale acessar
periodicamente a fatura do cartão de crédito via Internet, vale anotar o
que tem comprado com o cartão, vale andar com um lembrete do quanto
ainda pode gastar, vale tudo para respeitar seus limites.
3) Evite ter mais de dois cartões de crédito
Imagine as contas de cabeça somadas a diversos cartões de crédito.
Comprou um pouco aqui, outro pouco acolá, parcelou no cartão do Banco 1,
na loja optou pelo cartão de lá e por ai vai. Sem registrar e manter um
histórico atualizado das faturas, o fim do mês provavelmente será de
muita confusão.
Melhor não “dar sopa pro azar”, né? Seja sensato e
administre um número menor de cartões de crédito, preferencialmente com
datas de fechamento e vencimento diferentes. Ter um cartão que vence no
dia 15 e outro no dia 30 permite que você gerencie melhor seu fluxo de
caixa e como deverão estar dispostas as despesas.
4) Prefira cartões cujas vantagens são realmente palpáveis
Adianta ter um cartão que some pontos e mais pontos para serem trocados
por uma TV ou coisa do tipo, mas que exija que você gaste “rios de
dinheiro” para acumular o saldo necessário para o tão sonhado objeto? É
bem provável que a tal TV seja a mais cara que você vai adquirir (se
conseguir somar os pontos, o que será um grande desafio).
Os
benefícios existem e são reais, mas você precisa saber se eles se
encaixam em seu estilo de vida, volume de gastos e, principalmente, se
fazem sentido para sua família. A solução é começar por buscar
informações sobre os benefícios do seu atual cartão de crédito e
relembrar suas mais recentes utilizações das vantagens oferecidas. Você
pode estar usando um cartão diferente de você – ou, se preferir, está
deixando de usufruir de alguns benefícios.
5) Parcele as compras em no máximo três vezes e inclua as parcelas futuras no orçamento
Este item está intimamente relacionado aos itens 1 e 2, mas merece um
espaço único de discussão. O parcelamento é visto como um grande
diferencial dos cartões, mas é também um aspecto reconhecido pela
indústria como o responsável pelos altos juros cobrados no rotativo. Há
quem diga que os juros só cairão se o parcelamento sem juros for extinto ou dificultado.
O
excesso de parcelas é perigoso porque facilita demais o consumo e dá a
falsa sensação de que as contas estão sob controle. Algo que custa muito
mais do que você pode pagar fica acessível se o pagamento acontecer em
12 vezes? Não, o produto continua fora do seu alcance é importante
reconhecer a necessidade de planejar-se e lidar melhor com a frustração.
E agora? E daí?
A beleza da organização financeira está nos óbvios passos (sempre
óbvios!) que temos que tomar para tirá-la do papel. A vantagem dos
cartões é clara: segurança, praticidade, a possibilidade de
concentrarmos os pagamentos em uma única data e os benefícios da
fidelização.
É claro que as taxas cobradas no cartão são
elevadas, o que merece atenção redobrada. Mas, em geral, o problema é
que confundimos a ferramenta (o meio) de pagamento com a falta de
planejamento financeiro e atenção necessária para usá-la de forma
inteligente e vantajosa. Podemos fazer melhor!
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