sábado, 12 de outubro de 2013

13º Salário: gastar ou investir?

Você pode achar que ainda é cedo para pensar no que fazer com o 13º salário, mas a verdade é que se você não se planejar desde já, poderá acabar gastando-o antes mesmo de ele ser depositado na sua conta. Acredite!
Trabalhos de finanças comportamentais – área que se dedica ao estudo dos impactos do comportamento humano sobre as decisões econômicas e financeiras – apresentam evidências de que tendemos a separar o dinheiro com base em critérios subjetivos, como, por exemplo, a fonte pagadora, e isto explica a razão pela qual temos maior facilidade para gastar o dinheiro que “ganhamos” do que o dinheiro conquistado com muito esforço.
Em outras palavras, o salário recebido mês a mês é visto como de maior valor e gasto com mais cautela e ao dinheiro proveniente de bônus ou qualquer outro extra é atribuído menos valor e despendido com mais facilidade.
Tecnicamente, a inclinação para agirmos desta maneira é conhecida como contabilidade mental e, como a maioria de nós apresenta este viés, não nos damos conta de que poderíamos dar um destino melhor para este dinheiro.
O 13º salário é um destes casos que gastamos com mais irracionalidade, pois é recebido como um presente e não como merecimento, talvez porque o recebamos numa época de festas e de férias. Por isso, o fim mais comum para ele é o gastá-lo, sendo que o ideal seria aplicá-lo bem.
Só alcançamos objetivos e nos preparamos para a aposentadoria com disciplina. Quando consumimos tudo o que ganhamos, estamos colocando o futuro em xeque. Esta época é ótima para se compreender a importância dos investimentos, começar e estabelecer uma rotina de aplicações, mesmo que sejam anuais – se você ainda não começou.
Também é muito comum as pessoas utilizarem o dinheiro do 13º para quitar alguma dívida. Se esse é o seu caso, se você já conta com este dinheiro, pois antecipou uma compra, faça isso mesmo. Não tem lógica investir, receber rendimentos de 0,5% ou até mesmo 3% ao mês e pagar 5%, 6% ou 8% de juros mensais. Não tem problema adiar mais um ano; o importante é fazer como manda o figurino, de maneira a obter mais rendimentos.
Há pouco tempo, recebi uma pergunta interessante de uma cliente que, após ter lido nosso eBook Planejamento Financeiro(clique aqui para baixar), me escreveu o seguinte: “Só posso começar a investir em fundos depois que meus ativos forem maiores que os passivos?”.
Não necessariamente alguém precisa ter mais ativos do que passivos para investir. A análise do patrimônio líquido (ativos – passivos) é utilizada para identificar a situação financeira de um indivíduo.
Quando a situação é de patrimônio líquido negativo, costumo dizer que a luz vermelha está acesa. Deve-se dar atenção às contas, mas, por exemplo, se a sua dívida for o financiamento de um carro ou de um imóvel e você conseguir pagar as prestações e investir, não só pode como deve começar.
O que não é recomendado é investir quando as suas dívidas estiverem sendo roladas no cheque especial ou cartão de crédito. Neste caso, é melhor liquidar o saldo devedor antes de investir.
Voltando aos planos para investir o seu 13º, sugiro uma carteira diversificada que contemple liquidez, pois você pode precisar de dinheiro em situações emergenciais, e que supere a inflação no longo prazo, aumentando sua riqueza a fim de proporcionar segurança para a família e independência na aposentadoria.
A contabilidade mental, mencionada no início do texto, também é um comportamento apresentado por muitos investidores, os quais preferem desvincular o dinheiro seguro daquele aplicado em produtos de maior risco, com a intenção de evitar que as variações negativas dos investimentos arriscados afetem a carteira como um todo.
Esta prática, no entanto, exige certo esforço e, em alguns casos, também custos, mas não fará diferença quando comparada a investir todo o valor. Evitar a contabilidade mental é fundamental para alcançar maiores retornos. O dinheiro é fungível, isto é, independentemente da sua origem e objetivo.
Dinheiro é dinheiro! Nem a fonte deveria ser um fator determinante na hora de decidir como gastá-lo, nem separá-lo vai produzir resultados diferentes.

Este artigo foi escrito por Sandra Blanco. Consultora de Investimentos da Órama,
 

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